Anvisa e ICH: A Crescente Integração para a Excelência Regulatória Global

A entrada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como membro do International Council for Harmonisation of Technical Requirements for Pharmaceuticals for Human Use (ICH) marca um divisor de águas na regulamentação de medicamentos no Brasil, elevando o país a um patamar de harmonização global.

O ICH reúne as principais autoridades reguladoras do mundo e representantes da indústria farmacêutica para discutir e estabelecer guias técnicos e científicos de excelência em aspectos de qualidade, segurança e eficácia de medicamentos.

O Significado da Integração

Desde sua aceitação como membro em novembro de 2016 (após um período como observadora), a integração da Anvisa ao ICH tem se aprofundado, trazendo benefícios e novos desafios ao cenário regulatório brasileiro:

  1. Harmonização da Legislação: O principal objetivo é o alinhamento das normas brasileiras às melhores práticas internacionais. A Anvisa se comprometeu a internalizar uma série de guias do ICH, abrangendo áreas cruciais como a implementação do Common Technical Document (CTD) para submissões de registro, Farmacovigilância, e o uso do vocabulário MedDRA (Medical Dictionary for Regulatory Activities).
  2. Protagonismo e Voz Ativa: Como membro, a Anvisa ganhou o direito automático de indicar especialistas para os Grupos de Trabalho (GTs) do ICH. Isso significa que o Brasil não apenas adota as normas globais, mas contribui ativamente para o seu desenvolvimento e aprovação, garantindo que as particularidades e os interesses do país sejam considerados nas discussões internacionais. A Agência tem inclusive assumido posições de liderança em comitês do ICH e do IPRP (International Pharmaceutical Regulators Programme).
  3. Confiança Reguladora e Negócios: A adoção das diretrizes do ICH eleva o nível de maturidade e a credibilidade da Anvisa no cenário mundial. Para a indústria, essa harmonização facilita o ambiente de negócios. A adoção de padrões universais reduz a necessidade de ensaios e documentações específicas para o mercado brasileiro, acelerando o tempo de mercado (time-to-market) e tornando o país mais atraente para a pesquisa clínica e a fabricação de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs).
  4. Qualidade e Segurança: Em última instância, o movimento visa garantir o acesso da população brasileira a medicamentos que atendam aos mais rigorosos padrões internacionais de qualidade, segurança e eficácia, reforçando a proteção da saúde pública.

A crescente integração da Anvisa ao ICH consolida o Brasil como um ator relevante na saúde global e transforma o arcabouço regulatório nacional, exigindo uma Inteligência Regulatória cada vez mais sofisticada e globalizada por parte de todas as empresas do setor.

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